Sexta-feira, 8 Dezembro 2023

#informaçãoSEMfiltro!

Uma igualdade desigual

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Antes de escrever seja o que for, tenho que ser sério e admitir que criticar quem faz, e o que se faz, é fácil. Difícil é mesmo fazer!

Ainda assim, o denominado “Pacote do Costa” tem falhas gritantes e que nos colocam perante uma igualdade muito desigual.

Começamos logo pelas crianças. São dados 50,00€ por cada criança. Ora, vai haver casas onde estes 50,00€ vão de facto ajudar a colocar comida na mesa, pagar a conta da luz ou um qualquer outro bem essencial. Mas noutras casas não valerá mais do que parte de um novo jogo, umas sapatilhas ou uma qualquer futilidade, tal é a insignificância em determinadas realidades.

Igualdade era dar mais a quem precisa mais, não dando nada a quem nada precisa.

A lógica de um Estado Social, teria que ser, obrigatoriamente, a tentativa de alcançar a igualdade, através da desigualdade nas ajudas

Depois entramos nos 125,00€, onde temos precisamente o mesmo problema. Até simplificando a discussão, em que cabeça luminosa, a necessidade de quem ganha 750,00€ é igual à de quem ganha 2.700,00€? Roça o anedótico.

Por fim, chegamos à questão dos pensionistas. E vamos aqui descartar a discussão, justa, do que vai acontecer em 2024. Vamos apenas centrar-nos no apoio de outubro.

Um idoso com uma reforma de 300,00€, que deixa 150,00€ na farmácia, receberá um extra de 150.00€. De facto uma fortuna para quem vive nestas condições, mas vergonhoso quando comparado com um idoso que tenha uma pensão de 1.500,00€, que recebe, só e apenas, 750,00€. E isto já para não falar ainda em outros pensionistas mais felizes.

A vida custa a todos, claro, mas não me parece importante financiar mais um passeio no Inatel, meia dúzia de idas ao teatro ou umas mariscadas a quem já vive simpaticamente. Parece sim, importante, ajudar quem vive com quase nada, come batatas com couves, e treme de medo a cada ida ao médico, porque além do pagamento do taxi, que acreditem nada tem haver com o custo do andante, ainda passa pelo terror de entrar na farmácia, horrorizado com o tamanho da pancada. 

A lógica de um Estado Social, teria que ser, obrigatoriamente, a tentativa de alcançar a igualdade, através da desigualdade nas ajudas.

Repito que é muito mais fácil criticar do que fazer. Mas já cansa ver que há sempre mais, para quem tem mais. Infelizmente é assim em quase tudo na vida. Foi assim no apoio às empresas, no pós pandemia. É assim agora no “Pacote do Costa”, que á sombra de uma suposta igualdade, acentua ainda mais as desigualdades.

No fim disto tudo, o problema maior, é que não sei porquê, mas sou menino para apostar que em outubro, cafés, restaurantes e lojas de telemóveis, terão faturações simpáticas e capazes de contrariar as teorias de uma receção que será uma certeza. 

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