Sexta-feira, 13 Setembro 2024

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Trabalhadores da CAMO persistem na luta pela “igualdade salarial”, as greves continuam

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Os trabalhadores da CAMO encetaram um conjunto de greves para reclamarem “discriminação salarial”, e é precisamente este assunto que colocamos ao Sindicato que representa os trabalhadores da CAMO e na qual nos enviaram uma lista de queixas e motivos de descontentamento por parte dos trabalhadores da CAMO.

A “discriminação salarial” surgiu com maior impacto em junho de 2021, fruto de um concurso de promoções de categorias levado a cabo pela administração da empresa. Atesta o sindicato dos trabalhadores da CAMO.

Nesse conjunto de trabalhadores que tinham a categoria de segunda e que preenchiam os requisitos para concorrer, havia alguns que recebiam uma gratificação de 134 euros (diferença salarial de segunda para primeira), gratificação essa que lhes foi atribuída para minimizar de alguma forma a diferença entre as categorias e que era ao fim ao cabo, o reconhecimento por parte da empresa que aqueles trabalhadores são efetivamente de primeira categoria e não segunda. Assegura o Sindicato dos trabalhadores da CAMO.

Após o concurso esses trabalhadores passaram a auferir o salário de primeira mais essa mesma gratificação de 134 euros. “Este problema já vinha inclusive, da nossa parte, sendo alertado e debatido com administração antes mesmo do concurso pois os trabalhadores em questão recebiam o salário base de segunda e tinham o reconhecimento por parte da empresa que eram de primeira através da atribuição dos 134 euros, mas na realidade eles perdiam em relação aos de primeira no valor do trabalho extraordinário e nos subsídios tanto de férias como de Natal.”

Perante esta situação os representantes dos trabalhadores levaram o problema à administração para, e atendendo a esse mesmo reconhecimento, incluir os 134 euros no salário base desses trabalhadores e assim passariam a ter a primeira categoria.

“Sobre esta matéria foram feitas várias reuniões e a administração foi sempre adiando o problema, até que, no início de 2021 comunica que iria promover um concurso de promoções de categorias.

Quando questionada sobre o que aconteceria aqueles trabalhadores que auferiam a gratificação a administração respondeu que não a podia retirar, e aí foram alertados pelos representantes dos trabalhadores que não se tratava de qualquer retirada, mas sim antes mesmo de promover o concurso.”

Deviam eliminar de vez estas discriminações, integrando a gratificação no salário base, passando automaticamente esses trabalhadores para a primeira categoria e posteriormente abrir concurso em função das respetivas necessidades, “infelizmente não entenderam, nem procederam desta forma e criaram esta discriminação que leva os trabalhadores a esta necessidade de exteriorizar este problema criado pela empresa que apesar de várias reuniões para o tentar resolver tem mantido uma postura de total intransigência”.

 A Camo tem cerca de 50 trabalhadores efetivos mais 40 com contratos a prazo (contratados recentemente devido ao acréscimo de trabalho).

No final de 2020 a comissão sindical e a administração da empresa iniciaram as negociações para a renovação do acordo de empresa que vigorava desde 2010 e com uma renovação em 2015 (10 anos). “Esse acordo consistia em aumentos anuais de 25 euros e em troca os trabalhadores teriam que trabalhar 60 horas anuais de trabalho suplementar compensatório.”

“Os trabalhadores apresentaram uma proposta de 50 euros de aumentos anuais para 5 anos cedendo na mesma as 60 horas anuais e a administração da empresa contrapôs com uma proposta de aumentos anuais desde os 0,9% até aos 1,2% que seriam dados mediante o volume de produção e usufruindo de igual forma das 60 horas anuais de todos os trabalhadores para cumprir com as encomendas. Os trabalhadores rejeitaram essa proposta pois a mesma era inatingível e reforçaram a intenção de negociar a proposta apresentada e aprovada pelos mesmos em plenário.”

A administração da empresa ignorando a vontade dos trabalhadores em negociar apresenta nova proposta com aumentos graduais para seis anos a iniciar nos 20 euros e a terminar nos 25 euros (20,20,22,23,24 e 25 euros).

“Foi novamente rejeitada pelos trabalhadores a proposta da empresa e entenderam que só depois de resolvida a discriminação salarial dentro da empresa aceitariam negociar qualquer tipo de proposta e avançaram mesmo com uma solução que terminaria com o problema que seria uma proposta de 4 anos, apenas com o aumento de 134 euros,  no primeiro ano para quem não recebesse a gratificação e a inclusão da gratificação no salário base  para quem a recebesse e nos três anos restantes não haveria qualquer aumento e colocaria os trabalhadores em pé igualdade. Para os restantes e para aqueles que fossem admitidos na empresa os aumentos seriam de 33,50 euros por ano.”

Mais uma vez e afirmando sempre a inexistência da discriminação salarial a administração da empresa ignorou a proposta dos trabalhadores e avançou com nova proposta de 5 anos com aumentos anuais a iniciar nos 22 euros e a terminar nos 25 euros (22,22,23,24 e 25 euros). “Os trabalhadores fartos da intransigência da administração da empresa decidiram avançar para uma greve parcial de 2 horas por semana durante o mês de fevereiro”, às terças e quintas-feiras, das 15h30 às 16h30. “Estão também, juntamente com o seu Sindicato, SITE-NORTE, a analisar juridicamente a questão e o possível recurso à via jurídica.”

Tentamos entrar em contacto com a Administração da CAMO, enviámos três emails e só nos responderam ao terceiro, dizendo-nos que “Estamos muito gratos pelo seu interesse. Lamentamos não poder atender sua solicitação, pois não comentamos assuntos internos da empresa. A administração.”

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