António Santos em conversa com o Gaia Semanário, abriu-nos as portas da sua vida na qualidade de etnógrafo amador e falou-nos sobre o seu livro “Gulpilhares terra de Folclore”, que vai ser lançado no dia 19 de março às 15 horas no Auditório de Gulpilhares.
Integrou o Rancho Folclórico quando tinha 16 anos, mas teve um interregno durante algum tempo e já lá vão 10 anos que faz parte do Rancho Folclórico como dançador, e é também “ensaiador”, como ele prefere chamar-lhe, “prefiro à moda antiga”. São quase 40 anos no Rancho Folclórico que me permitiu aprender muito e mais sobre o folclore. Há pouca literatura sobre o assunto e “quando me propus escrever este livro estava a cometer uma loucura”, refere António Santos.

Tenho muitas edições sobre etnografia e folclore, as edições são sempre muito pequeninas. O Dr Pedro Homem de Melo, amigo do Rancho de Gulpilhares, tinha edições, e eram muito caras, havia muita procura e pouca oferta, logo o preço dos livros disparava. Fui-me apaixonando por alguns autores, como é exemplo de José Leite de Vasconcelos, há um volume de 10 livros, muito bons.
A grande maioria dos etnógrafos em Portugal são do Norte, do início do século XX, era tudo gente do Norte, do Porto, quando comecei a ler essas obras, em vez de obter respostas surgiam cada vez mais perguntas que não sabia responder, e a curiosidade começa a aumentar, é como aquele velho ditado, “quanto mais estudo menos sei”.
Este livro também serve para deixar um legado ao Rancho Folclórico de Gulpilhares, graças a eles, também tive a oportunidade de ir a muitos países e conhecer e interagir com novas culturas, bem como recebemos muitos grupos de Folk. Como é o caso dos Ucranianos quando cá estiveram e não foi apenas uma vez, vieram várias vezes.

Se o Rancho Folclórico fechasse hoje, não saberia os passos de dança e as partituras. “E fazer uma homenagem destes 85 anos do Rancho Folclórico é mais que bem merecido”. No livro são feitas homenagens em vida e outros a título póstumo.
Há pessoas que não sabe o que é o folclore de um povo. As macieiras, as alfaias agrícolas, isto são os costumes de um povo, e o estudo do folclore é nada mais do que falar sobre os nossos costumes.” Desabafa António Santos.
Não temos orgulho das nossas tradições. Isto obriga-nos a ir buscar coisas mais atrás. Temos Diogo de Macedo, ilustre Gaiense. Tem um livro que fala sobre a nossa terra, e é o orgulho à terra que temos, e manter vivo estas tradições com as gerações futuras.
Este livro é mais do que um livro, é um agradecimento ao Rancho, foi uma escola para mim, estive em países que nunca pensei ir, estive na polónia, na antiga Checoslováquia, em Israel, só para citar alguns. “A música e a dança são armas poderosíssimas em prol da paz”. António Santos, deixou uma mensagem para “os mais jovens terem orgulho nos seus antepassados, nos avós e bisavós, e vejam o valor que eles tiveram”.
“Tenho ligação fraterna com todo o mundo o folclore une nações”. Termina desta forma António Santos.