Para celebrar um ano de existência, a PATA organizou uma semana de atividades para crianças. O Gaia Semanário acompanhou um dos dias da iniciativa, com o mote “Veterinário por um dia”.
No consultório veterinário, o doutor Pedro explica aos cerca de 15 miúdos que o rodeiam como se faz um exame geral a um cão, usando como cobaia uma simpática cadelinha preta. “Isto é para auscultar os animais”, diz o veterinário, encostando o estetoscópio ao peito da cadela. “Alguém quer ouvir?” As crianças, à vez, experimentam o utensílio e, a rir, surpreendem-se com o quão alto conseguem ouvir os batimentos cardíacos do animal. O médico explica-lhes que é possível ouvir outros sons, perceber como estão os pulmões, detetar doenças do coração, “mas isso é mais difícil, só quando vocês estiverem a estudar para serem veterinários”. E por falar nisso, quantos gostavam de o ser? Levantam-se cinco dedos decididos, entretanto mais um ou outro, há quem não tenha bem a certeza.
O doutor Pedro pergunta: “Alguém sabe porque é que se vacinam os animais?” “É para não ter pulgas”, arrisca um dos membros do público. O médico esclarece que as vacinas são para prevenir doenças infeciosas. Ouve-se outra vozinha: “A minha cadela não fica sossegada, ela rói sapatos, rói as cadeiras.” O médico replica: “Eles têm de ter treino e educação, como tu. Quando fazes asneiras o teu pai também não ralha contigo?”, resposta que parece deixar a menina pensativa.
A seguir, o veterinário demonstra, com uma gatinha de dois meses, como cortar as unhas. Explica que é preciso usar um corta-unhas próprio, ser cuidadoso e cortar abaixo da marca rosada. A gatinha emite baixinho um som de descontentamento, mas não parece muito preocupada. O doutor Pedro assegura que não a está a magoar e que “é só mau feitio”.
A rabujice, no entanto, é apenas momentânea. O animal deixa que todos lhe peguem e onde está mais confortável é nos ombros da pequenada e das funcionárias da PATA. Prosseguimos para a medicação. Um dos miúdos adianta-se a explicar como se dá um comprimido a um animal e o veterinário elogia a sua técnica, passando de seguida a exemplificar na gatinha.
As atividades estão quase a terminar e é altura de ir cortar o bolo de aniversário da PATA. Mas uma das pequenas que assiste logo declara: “Eu não estou interessada no bolo, estou interessada nos gatinhos.” O médico veterinário ri e brinca com a hipótese de vir a ficar desempregado, perante tantos novos candidatos à sua profissão.
Quando, já na hora do bolo, se lhes volta a perguntar “Quem quer ser veterinário?” já se levantam mais alguns dedos. Missão cumprida.
Sobrelotação é problema
Valentim Miranda, vereador da câmara de Gaia, enaltece a equipa dedicada como elemento-chave para o sucesso da PATA, “desde os dirigentes, passando pelo pessoal médico e tratadores, ao pessoal da receção.” Para o responsável pelo pelouro do Ambiente, o trabalho que se tem desenvolvido nesta plataforma é de louvar, mas aponta que o espaço está “saturado”, e já se discute uma ampliação futura. O médico veterinário Pedro André, que trabalha no município há quatro anos e está na PATA desde o início, diz que “as dificuldades são transversais a todos as associações do género: a sobrelotação e os pedidos de entrega”. Será criado um espaço para acomodar matilhas de animais errantes, que podem ter problemas de agressividade e não podem, por isso, misturar-se com os demais. Além de animais abandonados, a plataforma acolhe pessoas que são presas, ou têm carências económicas.
“Temos uma sala de maternidade, uma sala de infeciosos, zonas de internamento e alojamento, um espaço de quarentena, uma área recreativa para cães e outra para gatos, uma sala destinada ao convívio entre os animais e o potencial novo adotante”, descreve o veterinário. Apenas procedimentos médicos mais complexos são efetuados fora, já que as instalações não o permitem; a plataforma tem um protocolo com hospitais veterinários do município.
Casa definitiva procura-se
Cristina, residente em Arcozelo, está à porta da associação segurando pela trela um cão grande, agitado e algo assustado, mas muito afável. Tobias é o seu novo nome, escolhido pelo filho de Cristina, em homenagem ao avô. “Paixão à primeira vista”, diz, “vim vê-lo pela primeira vez hoje.” Decidiu imediatamente levá-lo, onde se junta ao outro cão que já tem, “para não se sentir sozinho”.
A PATA faz campanhas mensais de adoção e visitas a escolas, com um médico e um enfermeiro veterinários, para sensibilizar as crianças para o não abandono e a adoção responsável.
Quase sempre o número de novos animais acolhidos e o número de adoções são iguais ou próximos, perto de 30 por mês, pelo que o número de animais nas instalações é relativamente estável. Neste momento, a PATA acolhe pouco mais de 200 animais, sendo cerca de 150 cães e os restantes gatos. O município oferece microchip de identificação, desparasitação interna e externa e vacinação aos animais aqui adotados.