A equipa de patinagem artística do S. C. Coimbrões alcançou um terceiro lugar no Campeonato Nacional de Show e Precisão, no passado dia 28. As jovens qualificam-se, assim, para o Campeonato Europeu, em julho, em Itália.
No último fim de semana, a Blossom Roller Team – composta por Inês Oliveira, Helena Carvalho, Beatriz Gomes, Clara Rodrigues e Maria Soares – rumou a Fafe, para o Campeonato Nacional de Show e Precisão, onde conquistou um terceiro lugar na prova de quartetos cadetes. (O quarteto é, na verdade, um quinteto, apesar de participarem na prova apenas quatro.)
A taça foi entregue na terça-feira, 31 de março, nas instalações do S. C. Coimbrões. Marcaram presença o presidente da junta de freguesia de Santa Marinha e São Pedro da Afurada, Paulo Lopes, e o responsável pelo pelouro do desporto da freguesia, Ismael Martins. Ofereceram às atletas e treinadoras umas pequenas placas de agradecimento, felicitando-as pelo feito.
As atletas, entre os 13 e os 14 anos, exibem uma confiança que parece inabalável quando falam no próximo destino: o Campeonato Europeu de Show e Precisão. Admitem, no entanto, que foi “uma surpresa” conseguir este resultado. Começaram a treinar para a competição no final do ano passado, sendo completamente novatas nesta vertente – apenas estão habituadas a competir individualmente. Esse é um dos pontos que destacam: “Em 6 ou 7 meses, conseguiram pôr a trabalhar juntas atletas que não se conheciam, nunca tinham tido nenhum contacto nem nunca tinham feito isto na vida”, diz uma das jovens, e outra acrescenta: “Desde que somos muito novas que nos habituam a ser competitivas, temos de ser as melhores, e agora juntamo-nos para sermos as melhores juntas, em vez de umas contra as outras.”
Além do “grande perfecionismo”, atribuem o seu êxito também ao facto de se terem tornado amigas fora do ringue. “Começámos a descobrir o que tínhamos em comum, a conviver fora da patinagem, e isso também é essencial. Se não nos tivéssemos dado tão bem de certeza que não tínhamos chegado ao pódio.” E qual foi a sensação de lá chegar? “É uma sensação incrível, indescritível. Só quem sente sabe como é”, garantem as jovens.
As patinadoras não se cansam de elogiar o esforço e a dedicação das treinadoras, que dizem ter uma “imaginação incrível” – foram elas quem concebeu a coreografia – e sem as quais, garantem, “não teríamos chegado até aqui”: “As treinadoras acreditaram sempre em nós, mesmo quando nós não acreditámos. Elas disseram desde o início que íamos ao europeu, e nós achámos que elas eram malucas.” O caminho nem sempre foi fácil, e os sacrifícios, contam, foram muitos: todos os fins de semana eram dedicados ao treino, deixaram de sair com os amigos e abdicaram de outras coisas para poder dar o seu melhor na modalidade que as apaixona. Não se esquecem de referir os pais, que também “fazem muitos sacrifícios” e as acompanham nesta jornada. O sucesso da equipa é, de facto, um esforço conjunto, que está em todos os pormenores – até a maquilhagem e o penteado das jovens estiveram a cargo de outras atletas do clube.
As meninas da Blossom Roller Team definem-se agora como uma equipa “unida, com coragem e confiante”, e dizem-se otimistas para o campeonato europeu. O objetivo? “Continuar a fazer shows, encantar o público e conseguir o pódio no europeu.”
As treinadoras Mariana Costa e Maria Inês Aguiar não escondem o orgulho que sentem ao falar da Blossom Roller Team. Esta foi a primeira vez que o S. C. Coimbrões participou neste campeonato, que representou, nas palavras das treinadoras, “uma subida no patamar de exigência a que estão habituados.” Aos treinos individuais, três a quatro vezes por semana, somaram-se os treinos para o campeonato ao fim de semana, aproveitando também as férias de natal e páscoa para intensificar a prática. Tanto Maria Inês como Mariana já participaram em competições de show e precisão, e sentiam-se “como peixe na água”, mas o mesmo não acontecia com as jovens atletas do Coimbrões. “Tentámos passar para elas toda essa experiência, a dinâmica e a mística que existe por trás desta competição.” E foi gratificante. “A nossa grande felicidade, mais do que conquistar o título, é ver na cara dos atletas e dos pais esta energia que nós conhecemos tão bem, porque já a vivemos enquanto atletas, e foi incrível presenciá-lo.”
O conceito para esta atuação, explicam, “tem a ver com o facto de, na era digital, as crianças deixarem de parte as bonecas. Então, as atletas vestiram-se como umas “bonecas tristes”, que foram esquecidas e trocadas pelos gadgets e pelas apps, mas a meio do esquema revoltam-se e provam que não há diversão como aquela que os brinquedos trazem às crianças.” Tanto atletas como treinadoras esperam que este feito traga mais visibilidade à patinagem artística. No entender da Blossom Roller Team, “é uma modalidade muito bonita e graciosa, que merece mais reconhecimento. Devia ser uma modalidade olímpica.” As treinadoras enfatizam a enorme qualidade dos atletas desta modalidade em Portugal, e esperam que venha a haver mais apoios e uma maior atenção à patinagem. “Estamos a trabalhar para sermos reconhecidos aqui em Gaia, mas fica difícil porque muitas vezes sentimo-nos desamparados.”
O presidente do Coimbrões, André Moreira, afirma que esta conquista “enche o clube de orgulho. Conseguiram um feito notável, é a primeira vez que isto acontece no Coimbrões e só espero que mais consigam o mesmo.” O presidente aproveitou a ocasião para reforçar o apoio a todas as modalidades e diz querer “aproximá-las”, no sentido de fazer do S. C. Coimbrões um clube estável e próspero.
