Sexta-feira, 4 Outubro 2024

#informaçãoSEMfiltro!

Para resolver problemas, primeiro é preciso percebê-los!

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No nosso dia a dia vamos lidando com problemas variados, de resolução variada, mas cuja interpretação depende apenas da equipa de cada um.

Por defeito, todos enchem o peito para gritar aos quatro ventos ser contra a corrupção, contra a guerra, contra a violação, contra tudo o que é crime e/ou socialmente reprovável. O problema é que depois entra o interesse de cada um e o branco fica escuro enquanto o preto se torna claro.

E já nem falo do pensamento cavernícola e ignorante dos adeptos de futebol. Para uns, “o teu clube é que é corrupto, porque no meu foi só fraude fiscal” e para outros “o teu clube é que é, porque no meu eram só umas frutas e café com leite”. Mas deixo um segredo: são ambos criminosos e é uma vergonha a forma como se gere o futebol e se lida com o futebol. Falta coragem a quem manda. E falta, acima de tudo, que tirem a camisola quando analisam as coisas.

Ou então ver o Partido Comunista dizer que a culpa da guerra é da Ucrânia, porque todos sabemos que a culpa da violação foi da menina que veio de minissaia. E ainda por cima os Ucranianos estão a defender-se. Olha a lata dos indivíduos…

Para ajudar à festa, vemos a Igreja usar argumentos vazios como desculpa para uma conivência nojenta e doentia para com gente que não merece o ar que respira. E bla bla bla, a presunção de inocência. Sim. Claro. Mas a suspensão preventiva nada colocaria em causa. 

Depois temos ainda o tema da corrupção. É crime? Claro que sim. 

A sociedade é contra? Sim. Toda a sociedade. Mesmo todos!

Mas depois entra o cartão do partido, o negócio que se fez ou vai fazer, o interesse direto ou indireto, e afinal foi só um desvio, uma falha, um lapso, ou até nem foi nada. É só a oposição a embirrar.

E se olharmos para o facto de nunca ninguém saber de nada, só poemos concluir que somos governados por ignorantes cuja licenciatura foi tirada num qualquer sábado de manhã.

Um relatório recente diz-nos que essa mesma corrupção será responsável pela movimentação de milhares de milhões de euros, o que nos leva a pensar que este seja talvez um problema endémico nos nossos organismos e instituições públicas. Além das condenações e casos conhecidos publicamente, vamos tendo depois conhecimento, por aí, de um sem número de casos e casinhos, que no mínimo levantam muitas dúvidas na forma como acontecem.

Comum à política e ao futebol, só mesmo a forma como conseguem desculpar o ato menos claro de alguém da “sua equipa”, utilizando precisamente os mesmos argumentos que utilizam para acusar o da equipa contrária. A falta de vergonha está a atingir níveis alarmantes e preocupantes.

Como me dizia alguém recentemente, o pior de tudo, atualmente, é a enorme crise de valores.

E no meio disto, vamos ao supermercado e saímos sempre com a sensação de que partimos alguma coisa. E o que partimos é cada vez mais valioso, tal é o aumento na conta, de cada vez que voltamos. Os combustíveis entre subidas e descidas, continuam “pesados”. O custo da habitação é um problema real e que afeta milhares de pessoas. Comunicações, eletricidade, um sem número de problemas.

E para resolver estes problemas, somos governados por milhares de pessoas (governantes, deputados, autarcas e gestores públicos nas mais variadas empresas da administração central e local), em cargos que passam de pais para filhos, sobrinhos e amigos, observando-se uma dança de cadeiras que faz lembrar aquele jogo que fazíamos em miúdos, mas com uma pequena grande diferença: é que aqui há cadeiras para todos. E normalmente em cada uma delas está um tacho capaz de alimentar toda família.

Mas como há-de quem tem de decidir e resolver, compreender o que as pessoas passam? O salário é chorudo. O carro é grátis e traz seguro, combustível, portagens, reparações e estacionamento incluído. E note-se que a maior parte nem sequer tem outra viatura, porque a de serviço é de “uso pessoal”. Levam ainda o telemóvel, sempre com equipamentos topo de gama e comunicações ilimitadas, computador e uma série de ajudas de custo incluídas.

E são estes quem depois decide se qualquer um de nós, com um salário, consegue ou não viver.

Aliado a isto, em todos os concelhos, os competentes são sempre todos do partido vencedor. Impressionante. E os que não são, para se manterem competentes têm de trocar a camisola antiga por uma nova.

Lá estou eu a pegar com as pessoas, como me diz um amigo. O problema é que esta prática é igual em todas as forças políticas, sem exceção.

Os problemas que o país atravessa são graves, mas só se resolvem, no dia em que não seja preciso ter o cartão lá do clube dos amigos para ser competente. No dia em que as decisões sejam tomadas por alguém com a experiência de uma qualquer profissão, que saiba como é gerir uma casa com dois salários “normais” ou uma pequena/média empresa, tudo será mais fácil.

Para resolver problemas, primeiro é preciso percebê-los!

Nota: uma palavra para todos os homens e mulheres envolvidos na operação de ajuda ao povo ucraniano, cuja reportagem publicamos nesta edição. Muito obrigado! Felizmente a bravura e dedicação de todos os homens e mulheres que fazem, contrasta e sobrepõe-se à grande maioria, que se dedicada apenas à inercia de nada fazer e tudo deixar andar!

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