A OnGaia comemora o Dia do Ambiente e o Dia dos Oceanos com ações de sensibilização. Para o presidente da associação, é aos poucos, e com os mais jovens, que se faz a mudança de comportamentos.
Celebram-se este mês os dias mundiais do ambiente e dos oceanos, a 5 e 8 de junho, respetivamente. A OnGaia, uma organização não-governamental que tem como missão a defesa do ambiente, decidiu assinalar o primeiro com uma caminhada e o segundo com uma atividade de recolha de resíduos.

A associação nasceu na Madalena há 33 anos, quando o navio Reijin encalhou ao largo de uma praia da zona, causando um grande derrame de nafta. Um grupo de cidadãos uniu-se para formar uma associação de defesa ambiental, primeiro sob o nome Associação de Defesa da Praia da Madalena e, mais tarde, OnGaia.
Para José Carlos Cidade, presidente da associação, as pessoas estão cada vez mais sensibilizadas para as questões ambientais, porque as sentem na pele. “As pessoas começam a aperceber-se de que o clima está a mudar, que está a ter influência nas suas vidas, que o mar está a avançar. Não é preciso esperar 30 anos para que se façam sentir estes efeitos, hoje em dia já é notório”, diz.
Os jovens são geralmente os mais preocupados com estas questões e os maiores agentes de mudança de mentalidades, e por isso mesmo a OnGaia foca a maior parte da sua ação neles. Trabalham de perto com escolas do ensino básico e secundário do município, e é comum organizarem atividades como a de dia 8, de recolha de resíduos. Quando questionado sobre se, por vezes, essas ações não parecem uma espécie de “gota no oceano”, José Carlos Cidade é pronto na resposta: “Não. Antes de qualquer ação, há uma sensibilização e educação ambiental, trabalhamos com jovens, que são o motor da mudança de mentalidades e vão transformar comportamentos de pais e avós. Se todos contribuirmos um bocadinho, estamos todos a mudar o ambiente. Não temos como objetivo ações de grande dimensão, o nosso foco é promover ações de âmbito local, contribuir para mudar comportamentos. É com ações de pequena escala que se fazem grandes mudanças.” E funciona? “Não tenho a mínima dúvida”, diz. “Se não fossem as escolas, aqui há dez anos, hoje não teríamos triagem em Gaia.”
José Carlos Cidade destaca como maior lacuna no município a triagem do lixo: “Ainda há muitos locais onde não é efetuada a triagem de resíduos como óleos, certos químicos, lâmpadas, baterias, resíduos de construção, eletrodomésticos. Existe um ou outro aterro, mas não há muita informação, não há uma boa distribuição, as pessoas não sabem onde colocar. Os resíduos não estão a ser efetivamente bem separados e tratados.” Faz uma ressalva para as águas, que julga serem “bem tratadas”. E acrescenta ainda como ponto negativo a atenção dada à poluição atmosférica: “Tirando um ou outro sítio, não sabemos a qualidade do ar que respiramos em Gaia.” A nível global, os maiores problemas que identifica são “o aquecimento global e os plásticos”. Por isso mesmo, vê a proibição de plásticos uso único como um grande passo.
No dia 5 de junho, a caminhada segue o trajeto Madalena – Canidelo – Madalena. O ponto de encontro é junto ao Vibrações bar. A 8 de junho, numa parceria com a escola básica D. Pedro I, realiza-se uma recolha de resíduos aberta à comunidade entre a praia das Pedras Amarelas e o estuário do Douro.


