Depois de dois anos paradas, as marchas voltaram em força à beira-rio, na noite de 18 de junho. Desfilaram sete freguesias, numa celebração cheia de cor e movimento, e até a chuva que se fazia sentir antes do início da festa deu tréguas por umas horas.
Ao longo do Cais de Gaia, uns minutos antes do início das marchas, já era possível ver os vários grupos a postos, fazendo pequenas demonstrações do que estaria para vir. A toda a volta acumulava-se público, tanto frequentadores assíduos como curiosos, entre estes últimos muitos turistas que se detinham a apreciar um espetáculo, para eles, incomum.
As bancadas instaladas no Largo de Aljubarrota encheram-se para ver a atuação musical de Teófilo Granja, que interpretou a Grande Marcha de Gaia. Em seguida, foi a vez de se fazerem ouvir no recinto os bombos dos Mareantes do Rio Douro, como já é habitual.
A honra de dar início às marchas propriamente ditas coube aos mais pequenos, mais concretamente, à marcha infantil da Junta de Freguesia de Canidelo, dinamizada pelo Centro Social e Paroquial de Santo André de Canidelo.
De seguida, desfilaram, por esta ordem: Avintes, representada por Associação Cultural e Musical de Avintes; UF Mafamude/Vilar do Paraíso, representada por Associação Cultural e Recreativa “Os Amigos Vilarenses”; Madalena, representada por Orfeão da Madalena, Grupo Folclórico da Madalena e Associação de Solidariedade Social da Madalena; UF de Sandim/Olival/Lever/Crestuma, representada por Grupo Folclórico Etnográfico de Santa Marinha de Crestuma; Arcozelo, representada por Academia de Artes de Arcozelo; Canidelo, representada por Associação Recreativa Canidelense “Clube do Amor” e Cavaquinhos do Amor; e Santa Marinha/Afurada, representada por Tuna Musical de Santa Marinha, cada uma envergando orgulhosamente o seu traje e recorrendo a vários elementos etnográficos alusivos à sua história.
O primeiro lugar desta edição de marchas foi para a União de Freguesias de Santa Marinha e S. Pedro da Afurada. Filipe Santos, diretor da Tuna Musical de Santa Marinha, diz que este foi o resultado de um “trabalho coletivo notável” e “brio e orgulho em representar a freguesia e a coletividade”, mas não deixa de sublinhar que “todas as marchas foram vencedoras, [pelo] esforço hercúleo que fizeram e fazem para colocar uma Marcha com dignidade nas ruas”. Refere ainda que o simples facto de conseguir desfilar este ano, após dois anos de ausência e com muitas associações entretanto extintas devido à pandemia, é um sinal de vitória.
Também outras coletividades ouvidas pelo Gaia Semanário fazem um balanço positivo do evento: a Associação Recreativa Canidelense reitera o orgulho que sempre sentiu ao representar a sua freguesia, e faz questão de congratular todos os participantes, embora refira “alguma tristeza” com o facto de não estarem reunidas todas as freguesias gaienses nestas Marchas. A ACMA aponta que a pandemia tornou difícil a preparação, que começou mais tarde do que habitualmente, mas que, apesar de ter sido “duro”, o “espírito de comunhão e solidariedade” que reina no grupo tornou possível ter tudo pronto a tempo. Para a associação, este é um grande marco cultural no qual sentem um “prazer enorme” em participar, e aproveitam para deixar a nota de que “é importante um investimento proporcional à sua grandeza, caso contrário, um dia pode não haver voluntários para tanto esforço.”
O júri decidiu que Santa Marinha/Afurada foi a marcha com a melhor interpretação musical, bem como a melhor letra, distinção que partilhou com Arcozelo. A melhor pontuação na cenografia foi a de Arcozelo, enquanto o melhor guarda-roupa foi o de Mafamude/Vilar do Paraíso. As coreografias com mais elevada pontuação foram a de Santa Marinha/Afurada, Avintes e Madalena.