A Câmara de Vila Nova de Gaia aprovou o lançamento do concurso para a criação do transporte anfíbio entre Crestuma e o cais da Ribeira, no Porto, um negócio que também interessa a Gondomar, anunciou Eduardo Vítor Rodrigues.
A ideia, segundo o presidente da autarquia, “é criar um transporte alternativo à Estrada Nacional 222, cujo trânsito na hora de ponta é um inferno, permitindo a quem trabalha ou estuda no Porto viajar de Crestuma ao Porto em cerca de 35 minutos”.
Face à questão levantada pelo vereador da oposição Duarte Besteiro sobre a atratividade do projeto, enfatizando que “ao milhão de euros de investimento inicial correspondem cerca de 11 anos para ser conseguida compensação”, Eduardo Vítor Rodrigues desvendou a segunda parte do projeto.
Sublinhando tratar-se de “um projeto-piloto” por a autarquia estar em fim de mandato e 2021 ser anos de eleições, Eduardo Vítor Rodrigues explicou que o operador que vier a ficar com o negócio “poderá explorar, também, a via turística, conseguindo dessa forma rentabilizar mais depressa o investimento”.
Dando conta que o projeto da autarquia prevê uma faturação anual prevista do veículo anfíbio de 36 mil euros e um subsídio anual de exploração da câmara de 93 mil euros, o autarca explicou que a utilização do anfíbio “poderá ser paga com o andante, aliviando, assim, o município de encargos financeiros”.
“Já houve contactos de empresas públicas e não públicas para fazer a triangulação quando estávamos a aguardar pelas licenças. Contudo, não sei se há interessados, pois com a pandemia parou tudo, mas admito que venha a haver concorrentes portugueses e estrangeiros”, disse.
No percurso, rio Douro abaixo, Eduardo Vítor Rodrigues admitiu que Arnelas e Avintes possam vir a ser a ser incluídos no projeto do anfíbio, que terá capacidade para transportar 52 pessoas e, no fim, poderá também parar no cais de Gaia.
De Gondomar, do outro lado do rio, disse o autarca, já chegou o interesse do presidente da autarquia, Marco Martins, o que deixa em aberto a possibilidade de a abertura do concurso, aprovada por unanimidade em Gaia, poder vir a “tornar-se intermunicipal num curto espaço de tempo”, juntando-lhe paragens também desse lado da via fluvial.
“Há interesse de Gondomar e perspetivamos isto como uma solução integrada. Falta perceber como o mercado reage. Se reagir bem e com preços competitivos, temos condições para fazer as travessias em triângulo, se assim não for o município de Gondomar terá de comparticipar as obrigações de serviço público”, acrescentou Eduardo Vítor Rodrigues.
Segundo o autarca, os veículos “já foram testados na Holanda [Países Baixos]”, destacando os que circulam em Amesterdão e que farão do município “o primeiro em Portugal a fazer o transporte de passageiros em veículo anfíbio”.
“O que eu espero é que, a reboque da ideia de que vão ganhar dinheiro no turismo no rio Douro, avancem com o transporte público de passageiros. Ainda por cima, com a descentralização a gestão dos cais passa para os municípios, o que permite que se resolva com a maior das facilidades”.