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Terça-feira, 26 Setembro 2023
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E a Torre aqui tão perto…

Na reta final e, ao longe, já se vê a Torre. Últimas pedaladas. Mas que têm de ser certeiras porque, apesar da vantagem estar do lado dos encarnados, qualquer deslize poderá provocar uma hecatombe pois quem tem melhor equipa e outrora conseguiu uma vantagem de dez pontos só não ganha a liga se não quiser. Ou se o treinador não tiver a competência necessária para alcançar os seus objetivos. Se falhar, Schmidt poderá ficar em muito maus lençóis. 

Subir à Torre apenas com um cantil de água não é muito recomendável e, futurologias à parte, duvida-se que Schmidt consiga ganhar uma liga da mesma forma. Isto porque FC Porto e Sporting – de Matheus Nunes a Vitinha passando por Porro e Fábio Vieira – tiveram vários furos nos pneus que impediram o normal desenrolar das coisas. Ainda por cima nada está decidido e vem aí o teste de fogo: não que o Benfica não seja superior ao Braga (claramente que tem melhor equipa) mas porque os encarnados vacilam frente a equipas de maior dimensão, que têm a robustez suficiente para aplicar o antídoto de Sérgio Conceição. Na primeira volta, inclusive, o Braga construiu uma linha de três médios (Al Musrati – Racic e André Horta) que Schmidt não conseguiu contrariar, tornando o Benfica (ainda com Enzo) presa completamente fácil e à mercê de um Braga agora até mais forte depois da chegada dos reforços de inverno. 

Com exceção da primeira metade da época – em que o fresco Benfica media forças com Juventus e PSG de forma natural – agora os tempos são outros e a laranja está espremida ao máximo das suas gotas de sumo. E até nem se entende muito bem: quase por urgência imperiosa, Schmidt não teve outro remédio senão o de apostar em João Neves e Musa, com resultados assinaláveis. Se o jovem médio traz clarividência na construção e ligação entre setores (algo essencial para se sair da pressão alta, leia-se jogo frente ao FC Porto), o avançado croata sabe ligar o jogo como ninguém e tranquilizar uma linha de ataque que está exausta e necessita de um repouso imediato que, em face do calendário, não pode ter. É certo que mais vale tarde do que nunca e é também certo que as segundas linhas necessitam de consolidação e de tempo, mas não teria vindo mal nenhum ao mundo se tais elementos não tivessem sido trabalhados em jogos de menor exigência e, com isso, garantido a consistência necessária para hoje estarem em alta rotação. São mais uns pontos a menos a acrescentar ao ramalhete de um técnico alemão que se apresenta como uma notável construtor, mas que gera imensas dúvidas quando tem de pilotar o Ferrari a alta velocidade.

Situação que não acontece a Sérgio Conceição. O técnico portista tem sido perito em fazer omeletes com poucos ovos, potenciando um conjunto de jogadores oriundos quer da equipa B quer de equipas de média dimensão. E tem muita razão quando fala que necessita de um investimento mais avultado – garantir jogadores feitos e que entrem na equipa de forma imediata (como Uribe). Se o FC Porto ainda está na corrida, a Conceição o deve, ele que também tem sido perito em encontrar as fórmulas corretas para desmantelar os adversários e torná-los inofensivos. E, também, a encontrar soluções para jogar perante blocos muito baixos, isto num FC Porto que tem poucas soluções ao nível da criatividade e imprevisibilidade pura. As estratégias de compensação têm sido muitas: desde o pleno envolvimento dos laterais na manobra ofensiva ao jogo programado para potenciar as segundas bolas junto da área (assim venceu o FC Porto em Guimarães) a missão de Sérgio Conceição tem sido a de fazer das “tripas coração” e, vitória após vitória, colocar os dragões na rota do título e na posse (pelo menos para já) dos quatro títulos nacionais possíveis. 

Ao Sporting não falta juventude, e quem fala de juventude fala de dores de crescimento e erros infantis. O pensamento criterioso de Rúben Amorim mantém-se inalterável: potenciação plena da matéria-prima e criação de condições para que os jogadores não saiam de forma abrupta a meio da temporada. O técnico sportinguista – hábil como poucos na hora de comunicar – tem a seu favor uma preciosa almofada de segurança conquistada nas duas temporadas que findaram. E uma notável eliminatória frente ao Arsenal (a segunda melhor coisa que podia ter acontecido ao Sporting na Liga Europa) que faz os leões recuperarem uma aura europeia há muito perdida. O caminho é tortuoso e longo e, apesar de alguma cristalização do modelo de três defesas, o treinador não vacila na sua implementação. Afinal de contas, largas vitórias também têm cem jogos e mais vale um treinador com visão de longo-prazo do que um Sporting de salpicos que percorreu uma incorreta estrada sinuosa no período que antecedeu a chegada de Rúben Amorim. 

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