Sábado, 9 Dezembro 2023

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Clube Spiridon de Gaia: os revolucionários do atletismo gaiense (c/ video)

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Nasceu em 1985, na freguesia de Avintes, e tem como maior objetivo promover o atletismo federado a nível nacional e até internacional. O Clube Spiridon de Gaia revolucionou o atletismo gaiense e, até aos dias de hoje, chegou a diversos marcos importantes dentro deste desporto, tendo alcançado inúmeros títulos regionais e nacionais.

Em conversa com o atleta e Presidente da Direção do Clube Spiridon de Gaia, Tiago Faria, e com a atleta de marcha atlética, Samanta Zueva, percebemos um pouco da paixão e fascínio que ambos nutrem por este desporto.

São cerca de 70 os atletas que frequentam, neste momento, o Clube Spiridon de Gaia. Este é composto por dois grandes grupos: o Plantel Sénior, que abrange atletas dos 12 aos 60 anos e o da academia de formação, intitulado de Spiridon Kids, que envolve crianças dos 4 aos 12 anos. Tiago Faria, além de atleta, é também colaborador nesta camada mais jovem: “Para incentivar os mais pequenos a vir para o atletismo fazemos de tudo um pouco. No Spiridon Kids é tudo à base de jogos, brincadeiras e depois existe, obviamente, um exercício ou outro que já vai mais de encontro ao que eles poderão vir a fazer no futuro. Os treinos são sempre um desafio, porque temos de trazer algo novo para os motivar. É exigente no sentido em que temos de os levar a fazer coisas que, por vezes, podem ser aborrecidas para eles, mas que também podem ser necessárias para que consigam evoluir.”

O atletismo no âmbito nacional

O atletismo ainda é visto com algum preconceito por parte da sociedade. Segundo o Presidente da Direção, muitos pensam que envolve apenas corrida e chegam a não experimentar a modalidade por isso mesmo. Dentro do Clube Spiridon de Gaia, são praticadas todas as disciplinas que existem dentro do desporto: “O atletismo é muito mais que correr, nós também temos quem salte, quem lance, quem marche e temos até quem faça de tudo um pouco.” Este preconceito, segundo Tiago, deriva da falta de conhecimento do que é o atletismo: “Há pessoas que não têm noção do que é a marcha, por exemplo. Há quem associe a marcha à tropa, mas é totalmente diferente, existe a marcha atlética. Existem muitas outras disciplinas que se podem fazer para além da corrida em si, temos grande diversidade dentro do atletismo.”

O recrutamento para o clube, tem sido uma das grandes prioridades para o clube. Distribuir flyers e cartazes, divulgar pelas escolas, é o que têm vindo a fazer: “Muito recentemente nós conseguimos, após dois anos, entrar nas escolas e já tivemos três ou quatro onde fizemos demonstrações de atletismo. O nosso objetivo é continuar a fazer isso já na próxima época, inclusive em setembro, pois trata-se do arranque do período escolar e é importantíssimo colocar a componente do atletismo na parte da educação física ou nas próprias AEC’s”, diz Tiago Faria. Acrescenta ainda que tentam demonstrar aos jovens como o atletismo pode ser divertido e feito em qualquer sítio, por qualquer pessoa, independentemente da sua fisionomia. Um dos grandes lemas do Spiridon de Gaia é exatamente esse – “toda a gente pode participar independentemente dos seus objetivos e idades”.

Samanta Zueva é atleta no Spiridon de Gaia há oito anos e pratica marcha atlética desde o primeiro dia. “Neste momento, treino seis vezes por semana, cerca de uma hora e meia por dia. Em tempo de aulas, para conseguir conciliar, treinava ao final da tarde, saía da escola e ia logo direta para o treino”, declara.

Sangue competitivo corre nas veias dos atletas

No passado dia 7 de julho, a atleta fez a sua primeira internacionalização, em representação da seleção nacional, no Campeonato Europeu de Juvenis, que decorreu em Jerusalém. Desabafa: “Infelizmente, não foi a minha melhor prova, uns dias antes de ir para Jerusalém lesionei-me, então fiz a prova lesionada. Nem era para ter começado de todo, porque o fisioterapeuta disse que a minha perna não ia aguentar. Mas, o meu objetivo não era fazer uma boa marca, porque sabia que não ia conseguir, e sim conseguir terminá-la. Vão haver mais provas internacionais para conseguir representar da melhor maneira.”

A competição corre nas veias destes atletas e a sede de ganhar, apesar de não ser o maior objetivo de todos, permanece firme. Tiago Faria aborda como funciona todo o processo desde o treino às provas: “Nós competimos essencialmente em provas federadas, ligadas à Associação de Atletismo do Porto, em alguns casos, temos provas a nível regional e distrital e ainda de Zona Norte. Na parte distrital e Zona Norte, é uma questão de nós querermos participar, inscrevemos os atletas e todos podem participar, de acordo com o seu escalão, pois existem provas específicas para determinado escalão. Nas provas em que sejam convocados e que nós vejamos que estão aptos para competir, fazemos todo o gosto que eles participem. A nível nacional, é necessário ter resultados mínimos, ou seja, uma marca de sucesso para participar, e acontece o mesmo a nível internacional.”

Mas nem todos os atletas de atletismo têm como base a competição. Tiago Faria esclarece: “Existem pessoas mais velhas que vêm para o clube somente para manter a forma ou ir praticando de uma forma não comprometida. Estamos abertos a tudo, desde que os objetivos sejam definidos desde o início.” Para quem quiser iniciar esta atividade, seja em formato de competição ou de lazer, o clube sugere que a pessoa procure alguém que a acompanhe: “Há cada vez mais pessoas a correr de forma não estruturada e não acompanhada, mas é importante que exista alguém que os acompanhe, sobretudo ter um sítio que vá de acordo com os desejos que essas pessoas têm, até por questões de seguro, que às vezes existem lesões e depois não estão preparados para esses imprevistos.”

As lesões são, por vezes, uma das grandes dificuldades pelos quais os atletas de atletismo passam. Contudo, Samanta Zueva revela que a sua maior dificuldade, até aos dias de hoje, é o facto de as pessoas não saberem o que é a marcha: “Muitas vezes treino ao pé da praia, quando faço treinos longos e, quando estou a marchar, as pessoas começam a criticar e a gozar.” Ainda assim, considera que também foi muito difícil outro aspeto de elevada importância para continuar a competir: “Há dois anos, eu tinha uma forma diferente da marcha e essa forma levava-me a ter faltas. Uma vez, fui desqualificada e tive de mudar completamente a minha marcha, que estava incorreta. Este ano e o anterior, a adaptação ao novo estilo de marcha foi a minha maior dificuldade.” Atualmente, como qualquer outro atleta, tem como maior sonho um dia competir nos Jogos Olímpicos.

O que o futuro reserva para o Clube Spiridon de Gaia

Tiago Faria espera um futuro com muitos desafios e muito trabalho. “Para se chegar ao patamar que já estamos foi preciso muito sacrifício e muitos cabelos brancos e, sobretudo, muitas horas de dedicação dentro do nosso tempo livre. Pretendemos continuar com o que temos vindo a fazer, ter vários títulos e atletas, expandir a nossa academia de formação e ter mais representações internacionais, se assim for possível. Temos sangue de desportista e nunca estamos completamente satisfeitos com os nossos resultados, queremos sempre melhor e desejamos sobretudo que o atletismo seja mais reconhecido e que tenha mais investimento para alcançar melhores resultados porque, cada vez mais, os custos para manter este desporto são maiores.”

É de ressalvar que o Clube Spiridon de Gaia participou, nos passados dias 30 e 31 de julho, na final do Campeonato Nacional de 3ª divisão, tendo a equipa feminina alcançado o lugar de 23ª melhor equipa a nível nacional e tornando-se na melhor de Vila Nova de Gaia. 

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