Sábado, 9 Dezembro 2023

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Cenas e Contracenas

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1. LINDA RODRIGUES, atriz, dramaturga e encenadora, licenciada em Teatro na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo e Mestre em Estudos de Teatro na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, estreou-se como atriz em 1998 e como encenadora em 2009. Como atriz, destaca-se os seus trabalhos em “O Fantasma de Canterville (encenação Alexandre Passos), “Pedro e o Lobo” (enc. Castro Guedes), “Pedro e Inês” (enc. José Carretas) e “O Crime de Aldeia Velha” (enc. Júlio Cardoso). Como encenadora, salienta-se a criação dos espetáculos “Desequilíbrio”, “Os Engenhocas”, “Na Linha da Frente” e “Pimenta na Boca”, entre outros. Paralelamente, o seu gosto e aptidão para a escrita foi-se refletindo em inúmeros originais, alguns deles já editados, como foi o caso do conto “Amor em 3 Capítulos”, que integra o livro “Textos de Amor” (edição Quidnovi), do conto para a infância “Gaspar, o Traquinas, e as duas Meninas” (edição Opera Omnia) e da peça de teatro “Mortos de Fome” (edição Fundação Inatel), vencedora do Grande Prémio de Teatro da Fundação Inatel em 2013. E foi a sua peça “Circo” que a trouxe até Vila Nova de Gaia, para dirigir os atores amadores d’ Os Plebeus Avintenses, depois de com eles ter trabalhado num espetáculo profissional dirigido por Castro Guedes. Ela regressa este sábado à margem esquerda do rio Douro, com “Contilhices”, que escreveu para o grupo informal Contilheiras.

2. JOANA TEIXEIRA, NI FERNANDES E PATRÍCIA QUEIRÓS juntam-se a Linda Rodrigues na interpretação de “Contilhices”, um espetáculo que se passeia pelas pérolas da língua portuguesa feitas de palavras picantes para resumir conceitos ou ideias populares em espelho com formas literárias, mais ou menos eruditas, com o intuito de fazer pensar. Elas são as Contilheiras: mulheres coscuvilheiras, mexeriqueiras, faladeiras que, embora se metam na vida de todos, acabam por ajudar a preservar as histórias no tempo. Através de provérbios, ladainhas, cantigas e cantilenas, expressões, máximas e passagens das grandes obras dos autores portugueses deste e doutros séculos, elas levam-nos numa viagem onde se cruzam tanto com o vernáculo de Bocage como com as ordinarices cheias de saber empírico da Dona Rosa da ribeira do Porto. Elas dizem palavrões em cena? Dizem, pois. Mas descartam o título de malcriadas! Venham descobrir porquê, amanhã, às 21h30, no auditório da Tuna Musical de Santa Marinha, onde decorre o IV festival de teatro José Guimarães.

3. IGOR GANDRA, ator, marionetista, professor e encenador, é diretor artístico do Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP) desde 2019. A ele se deve a criação, em 1999, do Teatro de Ferro, que codirige com Carla Veloso, então com sede no centro histórico de Gaia, tendo sido distinguido em 2005 com a Medalha de Mérito Cultural e Científico de Vila Nova de Gaia, muito devido ao trabalho realizado em dois armazéns contíguos na Beira-Rio, adaptados como espaço de criação e apresentação de espetáculos, onde muito produziu e realizou, crescendo como artista e como profissional. Paralelamente, foi colaborando, como docente, em diversas instituições de ensino, como a Universidade de Évora, Instituto Superior de Ciências Educativas, Balleteatro – Escola Profissional ou a Escola Superior de Educação de Lisboa e a Universidade de Nova York – Abu Dhabi. Como criador e artista tem assegurado colaborações nas mais diversas estruturas produtoras de espetáculos, com destaque para o Teatro de Marionetas do Porto e Comédias do Minho. Nessa qualidade foi premiado pelo Clube Português de Artes e Ideias no concurso O Teatro na Década em 1997, vencedor do Prémio Revelação Ribeiro da Fonte-Teatro 2004 e galardoado com o Troféu Aquilino Ribeiro-Revelação 2005. Esta noite inaugura a 33ª. edição do FIMP, que se estende até 16 de outubro, com espetáculos de 8 países, entre eles Portugal, Chile, Coreia do Sul e Bélgica, em vários espaços do Porto e Matosinhos. Fica mais uma vez de fora a cidade de Gaia, o que lamentamos. Como em 2021 passaram por aqui algumas produções do DDD-Festival Dias da Dança e do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, pensei que este ano aconteceria o mesmo com o FIMP. Mas infelizmente não passou de um sonho.

4. SE O FIMP NÃO VEM A GAIA, que seja então a gente de Gaia a ir ao FIMP. Vale a pena a experiência, garanto-vos. A programação do festival reúne este ano alguns dos mais estimulantes projetos de teatro de marionetas, de diferentes linguagens. Mas sugiro, por exemplo, que assistam ao espetáculo “Maiakovski – O Regresso do Futuro”, que se apresenta em sessão única na próxima quarta-feira, dia 12 de outubro, às 19h00, no Teatro Carlos Alberto, no Porto. É ao futuro visto pelos olhos do poeta e dramaturgo soviético Vladimir Maiakovski, figura maior do Futurismo, que o espetáculo dirigido por Igor Gandra nos convida a regressar, através de uma máquina do tempo. Os habitantes desse tempo da máquina, Os do Futuro, põem em marcha um programa experimental de ressurreição humana, só possível neste tempo do teatro. Maiakovski é um dos humanos do passado que querem conhecer. As mensagens compreendidas na sua poesia e teatro são-lhe endereçadas, assumem eles. As coisas complicam-se, mas Os do Futuro não desistem do seu desígnio. Habitada por atores e marionetas, “Maiakovski – O Regresso do Futuro” é uma ficção que (re)anima alguns dos objetos do complexo universo do poeta da Revolução, marcado pela liberdade de espírito, pelo vanguardismo e pela iconoclastia. Não percam mesmo, por favor! 

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