O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, afirmou em Coimbra, que a ministra da Saúde demitiu-se de liderar, acusando-a de falta de transparência e de bom senso.
“A ministra demitiu-se de liderar a saúde em Portugal”, acusou Miguel Guimarães, que falava durante a cerimónia do Juramento de Hipócrates que foi feita ‘online’ e que juntou entre 300 e 400 médicos formados na Universidade de Coimbra e Universidade da Beira Interior.
Na cerimónia organizada pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), o bastonário afirmou que a ministra da Saúde “não sabe estar nem sabe liderar”, considerando que a líder da tutela tem-se escondido “entre a ausência da verdade e a insistência em desvalorizar e humilhar os médicos, ignorando que sem estas pessoas nada lhe restaria para governar”.
“As atitudes recentes do Ministério da Saúde, desde o prémio em forma de incentivo que não serve basicamente os objetivos pelos quais a Assembleia da República lutou, até à promoção de dezenas de administradores com efeitos retroativos sem que igual medida seja aplicada também nas carreiras médicas mostram o despudor, a falta de transparência e de bom senso da ministra da Saúde”, criticou o bastonário.
Na cerimónia, o presidente da SRCOM, Carlos Cortes, frisou que os médicos “não precisam apenas de prémios, de bónus, de aumentos salariais ou de mais dias de férias por aquilo que fizeram durante este ano pandémico”.
“Não fizeram mais do que aquela que era a sua missão e o seu dever ético e deontológico. Mas precisam, sim, de condições adequadas para tratar os seus doentes. Precisam, sim, de ter os meios em cada hospital, em cada centro de saúde, em cada serviço de urgência, em cada internamento”, defendeu, alertando que há “uma falta grave de recursos humanos”.
Para Carlos Cortes, as restrições financeiras “impostas pelo Ministério da Saúde impediram sempre de fazer as contratações mais prementes”.
Durante o seu discurso, o responsável da SRCOM chamou ainda a atenção para a desigualdade no combate à covid-19 no mundo.
“Entristece-me assistir a uma corrida imoral e desenfreada às doses das novas vacinas contra a covid-19 em que os países mais poderosos e com maior poder económico tentam arrebatar todas as vacinas disponíveis esquecendo as populações mais pobres e mais vulneráveis do nosso planeta”, notou, lançando um apelo aos responsáveis políticos para defenderem no plano internacional “uma distribuição equitativa das vacinas”.
Na cerimónia, participou também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que salientou que espera que todos os responsáveis políticos, onde se inclui, “façam o que é necessário para que [os jovens médicos] fiquem em Portugal”.
Na sua mensagem de vídeo, transmitida na cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que a profissão de médico não é “uma profissão como as outras”.
“Não tem horas, dias, semanas. É à hora que for, no dia que for, na semana que for”, notou, desejando a todos os jovens médicos “uma vida cheia de sucesso”.