As cores, aprendemos na escola, resultam de outras cores.
Amarelo, azul (ciano) e vermelho (magenta) juntam-se para formar todas as outras. Nas receitas a qualidade dos ingredientes é importante, mas a forma como se misturam é decisiva.

Depois das três cores primárias podemos obter as secundárias como o verde ou o laranja e por fora.
E se as cores mexem com os nossos sentimentos, fico algo surpreendido com a ausência de cores nas redes sociais, espaço público do nosso tempo.
Em algum momento do desenvolvimento humano as redes sociais tornaram-se o buraco negro da sociedade. Um fenómeno ainda estranho, mas que divide o mundo em duas cores – o preto e o branco.
Não há tempo para o cinzento, nem tão pouco para todas as outras cores da vida.
Se escolhemos o vermelho é porque somos anti azuis e se a nossa opção é o preto é porque odiamos o branco.
Os inúmeros programas televisivos sobre futebol são uma montra pouco simpática dessa forma de ver o mundo, a que se juntam os comentários no facebook ou no Twitter.
Ou estás por mim ou contra mim numa expressão digital duma conceção dualista da realidade. De comunista a fascista, só há dois pontos de fuga desta ditadura.
As posições em torno da guerra que estamos a viver na Europa são também a expressão desta ditadura do dualismo digital (3d).
Não há qualquer contexto para se refletir sobre as causas desta guerra, sem que de um ou do outro lado surjam adjetivos a classificar cada um dos argumentos.
E esta 3d está a impedir as reflexões necessárias para encontrar duas ideias, uma de curto prazo e outra de maior amplitude temporal:
– como vamos impedir Putin de continuar com esta invasão à Ucrânia, evitando uma terceira guerra mundial?
– como vamos evoluir, na Europa e no Mundo, para uma sociedade onde crimes como os de Putin, “compreendidos” pelos camaradas do velho Pacto de Varsóvia, não se voltem a repetir, seja na Ucrânia, na Palestina ou na Arábia Saudita?
A resposta está na Teoria das Cores – a conjugação harmoniosa entre os povos ou respeito pelas suas identidades e pelas suas escolhas são os pigmentos necessários para fazer uma comunidade mais colorida e mais tolerante de base pacifista.
E podemos ter como inspiração três factos:
– a ação pela não violência de Gandhi e as suas vestes brancas;
– a Holi, festa das cores Indiana;
– o perdão colorido por Mandela que uniu um país.
Há caminho para fazer e a escolha não é entre o azul e amarelo da Ucrânia ou o branco, vermelho e azul da Rússia.
Em cada uma das nossas ruas, por cada uma das nossas freguesias, cidades ou países.
A escolha é um Mundo menos 3D e mais colorido.
NOTA: o que o Governo Russo está a fazer é um crime sem qualquer tipo de justificação e que, só por si, conseguiu unir o mundo todo, tornar mais forte a União Europeia, tirar a Suiça do seu “silêncio” histórico. Como alguém dizia há tempos, há séculos em que não se passa nada e há semanas em que se passam séculos. Esta é uma delas! FORÇA UCRÂNIA!